20080808

A Paternidade

Não vou, porque não posso nem quero, fazer aqui uma monografia sobre o que se pode dizer e alertar sobre a vida de pai. São deveras muitas coisas, a vários níveis. Posso, sim, seguindo a tendência geral dos tempos que correm, resumir algumas das mais importantes vivências que este estado nos proporciona.

Ser pai, para mim, não é o cabo dos trabalhos nem a tormenta que tantos anunciam ou preconizam. Não, minha boa gente. Não o é porque o retorno da experiência é por demais superior ao esforço investido. E é-o exactamente porque se investe esforço. O envolvimento com aquele novo ser, parte de nós, compensa qualquer sacrifício e torna-o irrelevante.

Ser pai também é sinónimo de uma relação com o sexo oposto. No meu caso, a minha mulher, devidamente e oficialmente esposa. Ela tem, por força de circunstâncias e opções (já para não falar de alguma preguiça minha) sido o lado desta parelha que mais tem experimentado as delícias da paternidade e eu sei o quanto isso é bom e mau ao mesmo tempo. Bom porque não me tenho abstido das actividades que regularmente levava a cabo antes de recebemos o rebento, ajudando-me na adaptação às novas exigências. Bom também porque tem dado e recebido mais da relação com a nossa pimpolha. Mau porque nem tudo num bebé são rosas e ter que lidar com os espinhos sem apoio (como acontece por vezes) é um esforço injusto para quem quer que seja.
Seja como for, o que tínhamos dantes mudou. Somos agora pessoas diferentes um com o outro, por força das circunstâncias. Apesar de por vezes aparentar que as coisas pioraram pois o tempo que investíamos um no outro é agora redireccionado para outros lados, eu sinto que estamos mais fortes a um nível mais profundo. E isso é que conta.

Agora somos três naquela casa. Agora já não somos apenas um casal. Agora não somos apenas filhos, esperança da nossa família e dos nossos pais. Somos nós próprios pais, esperançosos no futuro que temos pela frente e no legado que vamos deixar.